No momento em que publicamos a 16ª edição da revista teórica América Socialista, o mundo passa por uma situação inédita para a humanidade – o brutal aprofundamento da crise provocado pelo novo coronavírus. Diante de mais de 200 mil mortos, a classe trabalhadora se questiona que mundo é este e recebe impactos brutais em sua consciência, se espanta com a tragédia, percebe mais claramente que sociedade é esta e começa a se interrogar qual o caminho. Nossos leitores têm aqui uma seleção de textos especialmente organizados para ajudar na compreensão do momento e para dar suporte teórico às nossas tarefas práticas na construção de outro mundo.
Ao adquirir esta edição, você recebe a versão digital da revista em PDF e formatos para e-book (AZW3, EPUB, MOBI e OPF), para ler no conforto de seu aparelho de leitura ou em qualquer dispositivo de sua preferência (celular, tablete, notebook, computador).
Nossos leitores têm aqui uma seleção de textos especialmente organizados para ajudar na compreensão do momento e para dar suporte teórico às nossas tarefas práticas na construção de outro mundo.
Na primeira parte da revista, disponibilizamos um dossiê de textos que explicam a situação no Brasil e no mundo antes e durante a pandemia, assim como se organizam os marxistas para continuar sua luta:
- O Informe Político ao 7º Congresso da Esquerda Marxista, que apontava a profundidade da crise muito antes da chegada do novo coronavírus. A instabilidade econômica e política já era o traço marcante da situação mundial, a burguesia já sabia para onde caminhava e tinha consciência de que os trabalhadores estavam varrendo o mundo em ondas revolucionárias, dos países mais empobrecidos, como o Haiti, até os ricos e “estáveis”, como a Inglaterra. O Informe Político também fala sobre a crise das direções e, no Brasil, a necessidade de organizar os Comitês de Ação Fora Bolsonaro;
- As duas primeiras orientações da Esquerda Marxista diante da crise, que discutem a importância da manutenção dos nossos métodos e da nossa independência, mesmo na situação mais adversa;
- Um documento que aprofunda o significado da crise e suas consequências: “Uma nova situação se criou. O mundo nunca mais vai ser o mesmo após essa pandemia do coronavírus e suas consequências. Tudo o que é sólido se desmancha no ar, tudo que era certeza se transforma em incerteza e tudo o que era acomodamento e adaptação se transforma em espanto, e medo, em impotência num primeiro momento para depois transformar-se em raiva e disposição para mudar o mundo de verdade.”;
- E, na mais revolucionária tradição trotskista, um Programa Emergencial para a Crise no Brasil. Esse documento faz um paralelo histórico entre a situação em que foi escrito O Programa de Transição, de Trotsky, e o momento atual. Demonstra que o capitalismo há muito já não permite que a humanidade evolua e que há a necessidade de derrubar esse sistema, que nos impede acesso às mais elementares necessidades e que joga o proletariado e a juventude em direção à barbárie. Nessa perspectiva, aponta um programa de de palavras de ordem que partem das necessidades imediatas dos trabalhadores e vai em direção ao rompimento com o capital, abrindo caminho para a revolução.
Para fechar o dossiê, há uma atualização dos textos em meio ao aprofundamento da crise e de nossas tarefas. Nela, a EM apresenta um calendário público de formações para ajudar no desenvolvimento de uma vanguarda que possa levar os trabalhadores à vitória.
Os documentos que compõem esse dossiê certamente serão parte importante da história da Esquerda Marxista.
O texto seguinte é um relato da exitosa Escola Pan-americana Marxista de Quadros, da Corrente Marxista Internacional, que foi celebrada no México, no final de novembro de 2019.
A abertura das atividades aconteceu no Museu Casa Leon Trotsky. Gabriela Pérez, a diretora do Museu, saudou o acontecimento. Os demais dias da Escola foram marcados por intensos debates de temas como “Marxismo versus políticas de identidade”, a situação de Cuba e a primeira conferência sobre Trotsk na ilha, a questão da Frente Única, entre outros. A Escola contou com representantes de diversos países das Américas e, diante da convulsão que vive a América Latina, deu impulso teórico em nossa construção por todo o continente.
A onda revolucionária que varreu a América Latina, suas causas e consequência são apresentadas em um texto de Jorge Martin. Apesar das especificidades, cada movimento na América Latina faz parte do contexto mundial de instabilidade do sistema. A relação com Hong Kong, Líbano, Iraque e outros tantos países está muito demarcada. Jorge Martin explica as características revolucionárias de cada movimento e desmonta o mito professado pelos reformistas de onda conservadora.
O Chile, dando continuidade às explosões na América Latina, é analisado num texto de Carlos Cerpa, que explica o dia 18 de outubro de 2019 como um marco do que demonstra ser a maior rebelião da história do país. Nessa data, os estudantes destruíram 41 das 136 estações de metrô e foram a faísca que incendiou os trabalhadores, que trazem frescos na memória 30 anos de uma dura ditadura, transitando para a “democracia” com o mesmo plano econômico que Paulo Guedes quer aplicar no Brasil. A menina dos olhos do imperialismo na América do Sul colapsou.
Jorge Martin escreve também sobre o Equador. O anúncio pelo presidente Lenin Moreno de contrarreformas econômicas e a brutal repressão ao movimento, com o avanço de veículos blindados sobre os manifestantes e a prisão de 200 pessoas na capital, impulsionou o “Fora Moreno”, assim como no Chile a derrubada de Piñera também era o desejo da massa dos trabalhadores.
O beco sem saída em que se encontra o capitalismo pode ser visto no excelente texto de John Peterson sobre os EUA, que mostra o quanto o império, assim como todo o planeta, encontra-se convulsionado. O autor retoma a história das duas grandes revoluções americanas, a Guerra da Independência e a Guerra Civil Americana, e afirma que, como marxistas, sabemos muito bem que os EUA não são um bloco reacionário, mas onde duas classes poderosas se enfrentam, burguesia e proletariado.
O texto traça uma linha do tempo mostrando a magnífica história de luta dos EUA e, inclusive, os equívocos de grande parte da esquerda, que nega que a luta pela independência tenha sido verdadeiramente revolucionária.
A Guerra Civil Americana é mostrada como um dos mais dramáticos momentos vividos pela humanidade. Da posição de Marx e Engels sobre a guerra civil ao quão longe foi Abraham Lincoln, Peterson nos leva a uma agradável narrativa da história dos Estados Unidos, concluindo com o potencial revolucionário que a atualidade desperta nos jovens e trabalhadores norte-americanos.
Na segunda parte do clássico “Uma escola de estratégia revolucionária”, Leon Trotsky explica o centrismo e a capitulação do Partido Socialista Italiano, o papel da Internacional Comunista, as dificuldades de construção na Itália, as relações com os demais países da Europa, um panorama dos principais países que constituíam a Internacional, especialmente com destaque para Alemanha e França. Trotsky encerra o texto com um chamado à organização e à revolução que, nos parece, vem muito a calhar: “aproveitem cada minuto para preparar a revolução! A época nos ajuda. Não temam que a revolução lhes escape. Organizem-se, reafirmem-se e então se aproximará a hora do ataque decisivo, verdadeiro, e então o partido lhes dirá não somente ‘à frente’, como também levará a ofensiva até a vitória.”
Por fim, publicamos a Introdução à Dialética da Natureza, de Friedrich Engels. O texto é um brilhante resumo do desenvolvimento da ciência nos três primeiros séculos da Idade Moderna em luta contra o obscurantismo e o misticismo. Nele, Engels aponta a grandeza revolucionária dos homens e dos acontecimentos nesta época em que as ciências naturais deram um salto para o futuro. É possível traçar um paralelo com a total decadência da burguesia na atualidade com seus dirigentes criacionistas ou terraplanistas, ignorantes e reacionários em toda linha.
O florescimento da arte e o abatimento da ditadura espiritual da Igreja durante o Renascimento, sem nenhuma dúvida, davam a dimensão da grandeza dos acontecimentos. O brilhantismo de homens como Leonardo da Vinci, Lutero, Maquiavel e outros é exemplo do nível elevado que marcou esse período. Ao mesmo tempo, vemos o quão alto a humanidade pode chegar quando existem as condições para isso. O auge atingido com homens como Newton e Descartes nos inspira a construir.
A introdução desse texto é um chamado ao conhecimento. Nela, Engels trata da dialética, do eterno movimento e transformação da matéria, joga luz sobre as necessidades dos revolucionários, explicando que grandes homens buscaram incansavelmente a ciência. Engels é um visionário, à altura daqueles que ele mesmo caracteriza como os grandes homens. Boa leitura!